EM JP – Carreta com transformador reuniu mais gente do que ato pela despoluição do Rio Jaguaribe
O Brasil é um país de alienados, e é fácil provar. Vivemos uma realidade paradoxal: enquanto questões ambientais urgentes são ignoradas, eventos banais conseguem atrair grande atenção popular.
Um exemplo disso ocorreu recentemente em João Pessoa. Na mesma semana, uma carreta transportando um transformador gigante mobilizou multidões pelas ruas da cidade, enquanto um ato essencial pela despoluição do Rio Jaguaribe, realizado no último domingo (23), entre as praias do Bessa e Intermares, reuniu um público significativamente menor.
A diferença de engajamento entre os dois eventos reflete um problema estrutural da sociedade brasileira: a preferência pelo entretenimento e pelo espetáculo, em detrimento do ativismo e da participação cidadã.
As redes sociais foram inundadas com vídeos e fotos do transformador, enquanto o movimento ambientalista lutava para ganhar visibilidade e conscientizar a população sobre a degradação de um dos principais rios urbanos da capital paraibana.
O Rio Jaguaribe, que já foi uma importante fonte de vida para a cidade, enfrenta há décadas o despejo irregular de esgoto e lixo, comprometendo sua biodiversidade e colocando em risco a saúde pública. Apesar disso, iniciativas que visam sua recuperação raramente despertam o interesse coletivo, nem recebem o devido apoio do poder público e da população.
O episódio levanta um questionamento fundamental: e se essa mesma energia e mobilização espontânea fossem canalizadas para causas relevantes, como o combate à corrupção, a defesa do meio ambiente e a exigência de políticas públicas eficazes? O impacto poderia ser TRANSFORMADOR.
O desafio é despertar na sociedade uma consciência crítica que vá além do espetáculo momentâneo. A solução passa por educação ambiental, incentivo ao engajamento cívico e uma mudança cultural que valorize aquilo que realmente impacta a qualidade de vida das futuras gerações. Até lá, seguiremos assistindo a multidões hipnotizadas por eventos triviais, enquanto questões essenciais permanecem à margem da atenção pública.
Fontes: REDAÇÃO + politika