Entre os interrogatórios realizados pela Justiça na semana passada, durante a fase de instrução do processo da Operação Famintos, que investiga a formação de uma ‘Orcrim da Merenda’, responsável por supostos desvios milionários na contratação de merenda escolar na gestão do prefeito de Campina Grande Romero Rodrigues (PSD), estão os depoimentos de Flávio Maia e Frederico Lira, descreveram a existência de empresárias fictícias, criadas para figurarem como donas de empresas milionárias. Segundo a Polícia Federal, o ‘esquema’ teria criado a pessoa física Delmira Feliciano Gomes, que era proprietária (no papel) da empresa Delmira Feliciano Gomes; que recebeu mais de R$ 10 milhões em contratos com várias prefeituras paraibanas.

Durante os interrogatórios na Justiça, na semana passada, os empresários Frederico de Brito Lira e Flávio Souza Maia, que segundo o MPF administrariam o empreendimento, descreveram a mulher que seria Delmira Feliciano Gomes. Os investigadores irão tentar entender, agora, se alguém se passou por Delmira Feliciano Gomes sem o conhecimento dos empresários; ou se os depoimentos apenas descreveram uma pessoa que nunca existiu.

“Reconheço e tratei com ela várias vezes. Ela sempre se apresentava ela e Milton. Senhora de baixa estatura, de cor morena e cabelos pretos. Tinha época em que ela usava óculos. Tinha época que estava sem óculos. Pessoa de estatura mediana que tinha porte normal. um metro e sessenta, um metro e cinquenta e cinco. Idade na faixa etária entre 35 e 40 anos”, relatou em juízo Frederico Lira.

Já Flávio Maia disse que Delmira Feliziano era “uma pessoa de estatura média, gordinha, olhinho puxado. Na época tinha cabelo cumprido, amarrado com totozinho para trás. Nunca deslumbrei, na minha mente, que Delmira não fosse Delmira. Nunca imaginei que fosse outra pessoa. Sempre vi aquela pessoa como Delmira”, afirmou o empresário.

Veja o depoimento de Frederico de Brito

Veja o depoimento de Flávio Souza Maia

Famintos – As investigações foram iniciadas a partir de representação junto ao MPF, relatando a ocorrência de irregularidades em licitações na Prefeitura de Campina Grande (PB) mediante a contratação de empresas “de fachada”. Com o aprofundamento dos trabalhos pelos órgãos, constatou-se que desde 2013 ocorreram contratos sucessivos, que atingiram um montante pago de R$ 25 milhões. Dois secretários municipais (Administração e Educação) foram afastados pela Justiça. Dois secretários municipais de Campina Grande foram afastados dos cargos.

A CGU, durante auditoria realizada para avaliar a execução do PNAE no município, detectou um prejuízo de cerca de R$ 2,3 milhões, decorrentes de pagamentos por serviços não prestados ou aquisições de gêneros alimentícios em duplicidade no período de janeiro de 2018 a março de 2019.

Famintos 2

A Segunda fase da Operação Famintos teve como foco contratos firmados diretamente entre empresas – que seriam de fachada – e as escolas municipais. São investigados crimes como fraude em licitações, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e de corrupção na aquisição de gêneros alimentícios e merenda escolar. Oito pessoas foram presas. Até agora 16 pessoas já foram denunciadas pelo MPF à Justiça, por envolvimento no suposto ‘esquema’.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fontes: pbnews + REDAÇÃO