Aos 61 anos pensei que nada mais me surpreenderia. Errei. Com Bolsonaro na Presidência da República, a ninguém é dado o direito de achar que não mais se surpreenderá!

Do mais alto cargo da República, eis que o Presidente, traído por um microfone aberto, em conversa com seu Ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, sentencia: “Nada para esse cara!”
“Esse cara” era o Governador da Paraíba, João Azevêdo. Logo, “esse cara” é a vontade do povo paraibano expressa nas urnas. “Esse cara” é a Paraíba. Senhor Presidente, esse cara somos nós, brasileiros da Paraíba.

Porque nada para nós, Presidente?

É verdade que aqui, nessa Paraíba quase toda semi-árida, elegemos Lula e não o senhor. Mas isso é motivo para tanta ódio? Afinal, um Presidente do Brasil é mesmo Presidente da República, ou apenas dos entes republicanos que escolhe pela cor partidária ou pelos votos obtidos?

Até quando o Sr passará agredindo gratuitamente com quem tem o dever de conviver administrativamente, pelo menos. Até quando o povo paraibano e nordestino terá que suportar seu ódio gratuito e nada justificável.

Até quando, Presidente, o Sr. detratará a terra de Pedro Américo ? Até quando?

Até quando, Presidente, o Sr. detratará a terra de Augusto dos Anjos? Até quando?

Até quando, Presidente, o Sr. detratará a terra de Ronaldo Cunha Lima? Até quanto?

Até quando, Presidente , o Sr. detratará a terra do José Targino Maranhão?

Até quando, Presidente, o Sr. detratará a terra de Wilson Braga, de Cícero Lucena, de Antônio Mariz, de Ivan Bichara, de Ernani Sátiro, até quando?

Até quando, Presidente, o Sr. detratará a terra de José Lins do Rêgo?

Até quando, Presidente, o sr. detratará a terra de Ricardo Coutinho?

Até quando a Paraíba será seu objeto de perseguição, como se nós fossemos seus discípulos, e o Sr, nosso rei?

Saiba, querido Presidente, que esta pequena Paraíba rebelou-se outras vezes.

Saiba que não estamos acostumados à tutela. Saiba, excelência, que estamos acostumados à resistência. Se preciso, à sublevação, como a história já registra.

 

 

 

  • FERNANDO CALDEIRA