Taxa de homicídio juvenil cresce 272% em três décadas no país
A violência por arma de fogo passou a atingir mais os jovens brasileiros nos últimos anos, segundo a edição de 2015 do “Mapa da Violência – Mortes Matadas por Armas de Fogo”, divulgada nesta quarta-feira (13).
Segundo o levantamento, a taxa de assassinatos por arma de fogo entre 1980 e 2012 aumentou mais de 200 pontos percentuais entre os jovens. “No conjunto da população, a taxa de mortes por armas de fogo, que em 1980 era de 7,3 por 100 mil habitantes, passa para 21,9 em 2012, crescimento de 198,8%. Mas, entre os jovens, o crescimento foi bem maior: 272,6%. Aqui, as taxas passaram de 12,8 óbitos por 100 mil jovens para 47,6 em 2012”, diz o estudo.
Entre os jovens de 15 a 29 anos, o número de mortes por arma de fogo passou de 4.415 vítimas, em 1980, para 24.882, em 2012: 463,6% de aumento em números absolutos nos 33 anos decorridos entre as datas.
Ao longo dos anos, foi possível verificar que o número de suicídios e causas indeterminadas nas mortes juvenis foi perdendo espaço para os assassinatos. “Em 1980, 71,6% das mortes de jovens por armas de fogo enquadravam-se na categoria homicídios. Em 2012, seu uso para cometer homicídio torna-se quase absoluto: 95,9% das mortes por arma de fogo foram homicídios”, revela o mapa.
O estudo alerta também para uma tendência já verificada em outro levantamento, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que aponta que os jovens negros são mais vítimas de assassinatos que os brancos.
“A gravidade se torna ainda maior quando se sabe que, em sua maioria, são os jovens negros as vítimas dessa escalada. Racismo, violência e impunidade se associam na degradação do ambiente social brasileiro”, diz Salete Valesan, diretora da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais no Brasil, no prefácio do estudo.
A situação de vulnerabilidade dos jovens também é mais preocupante nas capitais. “A taxa de mortalidade por arma de fogo entre os jovens das capitais, de 72,5 óbitos por 100 mil jovens em 2012, mais que duplica em relação à taxa do conjunto da população das capitais, que nesse ano foi de 31,2 mortes por 100 mil habitantes, claro indicador dos níveis imperantes de vitimização juvenil nas capitais”, informa o texto.
Para o coordenador do Mapa da Violência, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, faltam políticas públicas para frear o avanço da matança de jovens. “Os jovens são os mais vulneráveis à violência. Seria necessário um conjunto de medidas que o protegesse, com a participação bem estruturada da escola, da família. Além disso, os jovens têm dificuldade de entrar no mercado de trabalho. Tudo isso o deixa vulnerável e vítima da violência”, afirma.