Corrupção na Petrobrás e Congresso Nacional: tudo a ver?
Dos 58 integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras 33 já receberam doações de campanha de empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato da Polícia Federal. A impressionante engrenagem financeira atingida pelas investigações expôs a estreita ligação entre grandes contrutoras e políticos. De acordo com os investigadores, parte dos valores desviados da Petrobras era doada legalmente durante as campanhas. E, embora a simples doação não signifique que o político contemplado tenha cometido alguma irregularidade, a dimensão da lista de parlamentares beneficiados pelo setor chama a atenção.
Mais do que contabilizar o valor doado, o levantamento tem como objetivo mensurar a influência das empreiteiras entre os que integram a comissão que tem a missão de investigá-las. Por isso, a tabela priorizou os dados de 2014. No caso dos parlamentares que não foram beneficiados por uma dessas empresas na eleição deste ano, foi feita uma segunda checagem: a das finanças da campanha que garantiu a eles o atual mandato – em 2010 ou, no caso de alguns senadores, 2006.
A conclusão é essa: dezessete dos 31 titulares e dezesseis dos 27 suplentes da CPI receberam recursos dessas companhias. É uma bancada suprapartidária. Mas dois petistas parecem ser os preferidos das grandes construtoras. O senador José Pimentel (PT-CE) obteve 1 milhão de reais da Camargo Correa na eleição que lhe garantiu o atual mandato, quatro anos atrás. O parlamentar é líder do governo no Congresso. Também em 2010, o atual líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), recebeu 1 milhão de reais da Camargo Correa, 500.000 reais da OAS e 30.000 reais da Galvão Engenharia. São os maiores valores dentre todas as doações compiladas pelo site de VEJA. O jornal Folha de São Paulo também fez uma matéria sobre este mesmo tema e cita o Deputado Paraibano do PMDB, Hugo Motta, que deve ser o presidente da CPI, como recebedor da doação da Odebrech. O deputado Hugo Motta nega.
Senadores
Gim Argelo (PTB-DF)
712.500 reais da Andrade Gutierrez, em 2014
Ciro Nogueira (PP-PI)
150.000 reais da Camargo Corrêa, em 2010
José Pimentel (PT-CE)
1 milhão de reais da Camargo Corrêa, em 2010
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)
500.000 reais da Camargo Corrêa, em 2010
Humberto Costa (PT-PE)
1 milhão de reais da Camargo Corrêa, 500.000 reais da OAS e 30 000 reais da Galvão Engenharia, em 2010
Antonio Aureliano (PSDB-MG)
40.000 da Odebrecht em 2006, quando se elegeu suplente de Eliseu Resende
Mário Couto (PSDB-PA)
4.874 reais da Queiroz Galvão, em 2014
Jayme Campos (DEM-MT)
25.000 reais da Camargo Corrêa, em 2006
Inácio Arruda (PCdoB-CE)
100.000 reais da Camargo Corrêa, em 2006
Ana Rita (PT-ES)
75.000 reais da Mendes Júnior em 2006, quando se elegeu como suplente na chapa de Renato Casagrande
Paulo Paim (PT-RS)
2.000 reais da Queiroz Galvão, em 2010
Wellington Dias (PT-PI)
350.000 reais da OAS e 200.000 da UTC, em 2014
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
100.000 da Galvão Engenharia, em 2010
Blairo Maggi (PR-MT)
25.000 da Camargo Corrêa, em 2010
Deputados
Marco Maia (PT-RS)
50.000 reais da Mendes Júnior e 30.000 reais da Galvão Engenharia, em 2010
Sibá Machado (PT-AC)
25.000 reais da OAS e 95.000 da Engevix, em 2014
Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA)
732.000 da OAS, em 2014
José Carlos Araújo (PSD-BA)
16.974 reais da OAS, em 2014
Antonio Imbassahy (PSDB-BA)
76.875 reais da UTC e 250.000 da OAS, em 2014
Rodrigo Maia (DEM-RJ)
300.000 reais da UTC, em 2010
Júlio Delgado (PSB-MG)
200.000 reaisda Andrade Gutierrez, 100.000 reais da Queiroz Galvão e 80.000 reais da Odebrecht, em 2014
Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP)
2.343 reais da Engevix, em 2014
Enio Bacci (PDT-RS)
50.000 reais da Queiroz Galvão, em 2014
Iriny Lopes (PT-ES)
190.000 reais da Andrade Gutierrez, 95.000 reais da OAS e 95.000 reais da Queiroz Galvão, em 2014
Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
500.000 da Camargo Corrêa, em 2010
Jaime Martins (PSD-MG)
200.000 reais da Andrade Gutierrez, em 2014
Izalci (PSDB-DF)
150.000 reais da Odebrecht, em 2014
José Otávio Germano (PP-RS)
100.000 reais da Queiroz Galvão, em 2014
Onyx Lorenzoni (DEM-RS)
200.000 reais da Andrade Gutierrez, em 2014
João Carlos Bacelar (PR-BA)
3.276 reais da OAS e 2.855 reais da UTC, em 2014
Augusto Coutinho (SD-PE)
30.000 reais da Odebrecht em 2014
Antonio Brito (PTB-BA)
4.437 reais da OAS e 2 855 da UTC, em 2014
Marcos Rogério (PDT-RO)
100.000 reais da Queiroz Galvão, em 2014
Fonte: Veja + Redação