Policiais suspeitos de praticar extorsões são alvos de operação na manhã desta quinta-feira (28). Entre os presos está o policial Flávio Pacca Castelo Branco, consultor de segurança do governador Wilson Witzel. O Ministério Público do Rio de Janeiro e a corregedoria da Polícia Civil tentam cumprir quatro mandados de prisão contra estes agentes:

Flavio Pacca Castelo Branco, consultor de segurança do governador Wilson Witzel (preso);
Helio Ferreira Machado;
Ricardo Canavarro (já estava preso);
Tiago Pereira.

Os policiais Helio Ferreira Machado e Tiago Pereira não foram encontrados em casa e são procurados pela polícia.

Em nota, a assessoria do governador Wilson Witzel informou que não “tolera qualquer ato de corrupção”:

“A prisão foi resultado de uma parceria da Corregedoria da Polícia Civil com o Ministério Público e mostra que o meu governo não tolera nenhum ato ilícito, seja de quem for. Que ele tenha seus direitos garantidos, como qualquer cidadão. Mas seja quem for que tenha cometido ou cometa algum ato ilícito ou de corrupção, esta pessoa será punida de acordo com a lei”, informou a nota.

Infelizmente, não foi possível encontrar um vídeo compatível com o seu dispositivo.

 

Os investigadores afirmam que os quatro policiais participaram de uma extorsão contra os dono de uma oficina em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no dia 5 de julho de 2017. O grupo os levou até a 52ª DP (Nova Iguaçu) para tentar obter R$ 10 mil a fim de liberá-los.

Essa é a terceira fase da operação Quarto Elemento, parceria da Corregedoria da Civil com o Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP-RJ. A primeira fase da operação teve início na subsecretaria de Inteligência e com o fim da Secretaria de Segurança seguiram para o Ministério Público do RJ.

A investigação

De acordo com as apurações, Ricardo Canavarro tinha sido preso na segunda fase da operação, que investigava policiais acusados de extorquir dinheiro de pessoas supostamente envolvidas com atividades ilícitas no Rio de Janeiro.

O grupo investigado, segundo a força-tarefa, conta com a ajuda de informantes. Estas pessoas se juntavam às equipes de policiais, normalmente com três pessoas em cada carro – por isso, o nome Quarto Elemento.

Um dos policiais já havia pedido a um informante que passasse nomes de alvos para o que eles chamavam de “botes”.

No episódio da oficina de Nova Iguaçu, no bairro Valverde, o grupo procurado recebeu de um informante a “dica” de que poderia haver ligações clandestinas de água e de luz no estabelecimento.

Na loja, eles encontraram um “gato de água” e um Siena roubado. Chamaram o proprietário do carro ao local, avisaram aos donos da oficina sobre a ligação irregular e levaram todos para a delegacia. No entanto, o veículo não foi periciado ou apreendido.

‘Boa sorte’, disse policial às vítimas

Ao chegarem à 52ª DP (Posse), diz a investigação, os quatro policiais entraram em uma sala, com as vítimas do lado de fora. Pouco depois, um policial saiu, desejando “boa sorte” aos “convocados”, levados para o escritório.

Celulares foram retidos. A sós com as vítimas, um dos informantes de Canavarro disse que elas deveriam “perder um dinheiro” para os policiais, e que era melhor que o fizessem logo.

Inicialmente, segundo a denúncia, os policiais exigiram R$ 50 mil às vítimas, que alegaram não ter o dinheiro. O informante, então, saiu da sala e negociou com os policiais uma redução para R$ 10 mil. Ao voltar para a sala, disse ainda que os policiais não deixariam a oficina de veículos em paz caso não aceitassem “perder um dinheiro para eles”.

As vítimas aceitaram pagar o valor, em duas parcelas de R$ 5 mil. Só depois do pagamento é que os celulares foram devolvidos.

Toda a ação durou uma hora, de acordo com o Ministério Público, tempo no qual as vítimas sofreram pressões psicológicas e ameaças. Um dos policiais envolvidos, inclusive, nunca havia trabalhado na 52ª DP e estava de licença médica.

Depois disso, um informante foi até casa de uma das vítimas da oficina e conseguiu os R$ 5 mil da extorsão. Ele voltou à 52ª DP e entregou o valor a um dos policiais, que deu como pagamento ao informante R$ 1 mil pelo trabalho.

Homenagem na Alerj

O policial Flávio Pacca recebeu moção da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro a pedido do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, em 28 de outubro de 2005.

A homenagem aconteceu pela operação da Polícia Civil que resultou na morte do traficante Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-te-vi, da Rocinha, na Zona Sul do Rio.

“A operação foi lograda de êxito, sem baixas de policiais e culminando com a morte de um dos traficantes mais procurados do Estado, conhecido por “Bem-Te-Vi. Assim sendo, este policial foi um dos responsáveis por “recuperar” esse marginal, visto que a sociedade tem a certeza de que ele nunca mais estará apto a viciar o filho de ninguém, nem a levar o terror aos cidadãos fluminenses, prestando um relevante serviço social à população”, informava o texto da moção assinada pelo então deputado Flávio Bolsonaro e o deputado coronel Rodrigues.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fontes: g1 + REDAÇÃO